E AÍ, GOSTOU DO CULTO?

 A modernidade tem influenciado a Igreja Cristã de maneira significativa. Uma de suas mais nefastas influências é o antropocentrismo. A ideia de que a dignidade do homem deve ser o maior objetivo de toda obra humana ...negligencia que os homens, bem como toda a criação, devem buscar a glória de Deus como fim último de sua existência. Agostinho, o célebre bispo de Hipona, afirmou em seu livro Confissões: Fizeste-nos para Ti. E o nosso coração não encontra descanso até que descanse em Ti. Neste sentido, a plena realização da existência humana se concretiza quando o ser humano descobre em Deus o sentido de sua vida. É somente buscando a glória de Deus que o homem descobre a sua verdadeira dignidade.
Um olhar honesto sobre a realidade do culto de muitas de nossas igrejas cristãs revelará o quanto de antropocentrismo nos dirige. Isto se reflete a partir de nossa disposição espiritual para o culto. Em geral, vamos ao culto muito mais dispostos a receber algo de Deus. Quando, na verdade, deveríamos ir ao culto motivados a oferecer, diante de Deus, nosso sacrifício de louvor e ação de graças. Com isto, não quero afirmar que Deus não nos concede graças no culto. Pelo contrário. No culto, oferecemos a Deus nossas súplicas na certeza de recebermos direção e consolo divinos. O problema é quando a nossa maior motivação para estar no culto é qualquer coisa que não seja a glória de Deus.
Alguém já lhe perguntou: e aí, gostou do culto? Acredito que a única resposta plausível para este tipo de pergunta é: não nos compete gostar (ou não) do culto. Afinal, o culto é oferecido única e exclusivamente para Deus. A razão do culto é Deus, não o homem.
Neste sentido, qualquer ação, pensamento, serviço, música, ensino, oração ou oferta que não for motivada pelo desejo de glorificar a Deus é um desvio do propósito do culto. Se os ministros, que celebram o culto, estiverem mais preocupados em parecer eloquentes quando falam, não estarão celebrando um culto a Deus. Estarão apenas exibindo-se. Se os músicos estiverem mais preocupados com seus acordes que com a glória de Deus, podem até prestar um serviço ao culto. Mas não estarão prestando um culto a Deus. Se os fiéis, durante o culto, estiverem mais atentos a reparar tudo o que acontece em volta, estarão perdendo o que há de essencial no culto: a presença de Deus. Existem fiéis que se ocupam de reparar ou avaliar se os músicos fazem uma boa performance, se o ministro tem boa oratória, se as pessoas estão bem vestidas, enfim, uma infinidade de ocupações que são capazes de desviar nossa mente do que é essencial.
Ao encontrar-se com uma mulher samaritana, Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou que Deus procura adoradores que O adorem em Espírito e em Verdade. Dentre tantas lições que podemos encontrar nestas palavras do Cristo, meditemos sobre o fato de Deus procurar adoradores. Mas a natureza desta procura é espiritual. Deus procura adoradores para encontrar-Se com eles no culto. Talvez, tenhamos neste pensamento o melhor conceito de culto até agora: um encontro pessoal com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Um encontro que somente é possível se houver no coração do homem um desejo profundo de glorificar a Deus. Somente este desejo pode sintonizar o coração do homem ao coração de Deus. O verdadeiro culto pode ser comparado a uma bela música no rádio. A música estará lá. Sempre tocando. Sempre disponível. A única coisa que você precisa fazer é estar sintonizado. Que o seu coração esteja sintonizado à música que Deus está tocando. Que o seu coração esteja atento ao verdadeiro sentido do culto cristão.
São estes que o Pai procura para seus adoradores (Jo.4.23).

Grupo de Atletas Cristãos PE.